Sindicato dos Laboratórios de Análises e Bancos de Sangue do Estado de Goiás
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Desistência de 30% de agendamentos de doação prejudica banco de sangue

Cerca de 30% de pessoas que agendam doação não comparecem às unidades de coleta

Doar sangue é um ato que salva vidas, já que cada bolsa com 450ml de sangue pode ajudar até quatro pessoas. Mas a baixa procura dos doadores de sangue é um problema recorrente, que nos últimos meses tem piorado, e o motivo é a falta de comparecimento desses doadores, que agendam horário de coleta nos bancos de sangue, mas não compareceram para doar. 

Em um laboratório particular da região oeste da capital, cerca de 30% dos pacientes que fizeram agendamentos não deram entrada no banco de sangue para a coleta do material. Essa atitude acaba prejudicando os atendimentos de livre demanda, que são aqueles doadores que chegam sem horário marcado para doar.

De acordo com a hematologista Marcela Regina Araújo, o não comparecimento de um doador prejudica o abastecimento dos estoques, afetando diretamente a continuidade dos atendimentos de emergência nas unidades de saúde. “Doar sangue é a escolha que uma pessoa faz. Mas quando um doador agenda e não comparece, pessoas que estão na fila por bolsas de sangue do fator negativo por exemplo (que é mais raro), se frustram e acabam tendo que esperar a vinda do material de outra unidade”, exemplifica a especialista. 

Aos 39 anos, Lucas Lima Silveira teve complicações durante uma cirurgia emergencial e acabou precisando inicialmente de três bolsas de sangue. Com a piora do estado de saúde, necessitou de outras quatro transfusões e, como seu tipo sanguíneo é O negativo, teve que aguardar a chegada de bolsas que vieram de outro município do estado. “Foi complicado, não havia bolsas em estoque e foi justamente nas férias do fim de ano”, conta.

“A unidade esperava receber doadores, mas como não apareceram e meu estado era um pouco grave, automaticamente a equipe médica acionou a rede dos bancos de sangue para conseguirem trazer a quantidade necessária para eu receber minha transfusão. Hoje minha esposa e parte da minha família se tornaram doadores, já que a maioria possui sangue de fator negativo. É muito triste precisar de algo tão simples para nossa sobrevivência e não encontrar”, relata o segurança, que trabalha em condomínio.

Férias afetam estoque 

O período de férias escolares também impacta diretamente nos bancos de sangue, que costumam sofrer com déficit de doadores. Em contrapartida, a demanda aumenta pelo suprimento essencial para salvar a vida dos pacientes. O Banco de Sangue do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) é um dos que estão com o estoque da unidade neste mês de julho em estado crítico. Os tipos sanguíneos mais necessários são B positivo, A e O negativos.

Wilson Moreira, supervisor do Banco de Sangue, explica que neste período do ano, ocorre uma baixa nas doações de sangue. Foram mapeados ao longo dos anos que as baixas chegaram a 58% entre os meses de junho, julho e agosto. “Nesse período do ano, ocorre uma queda nas doações por conta das férias escolares e das viagens realizadas nessa temporada. Além disso, nessa época, a ocorrência de acidentes domésticos aumenta e, consequentemente, a demanda do hospital também cresce”, acrescenta.

Dados da unidade mostram que durante todo o mês de junho, o Hugol recebeu 628 doadores aptos. Apesar de todas as ações de incentivo para doações, o número ainda foi menor no mesmo período do ano passado. Em junho de 2022, a unidade recebeu 977 doadores aptos. Para que não haja comprometimento no atendimento dos pacientes que necessitam de suporte hemoterápico, o Banco de Sangue pede o apoio de todos para a manutenção dos estoques de sangue de qualquer tipo.

Para o diretor do Banco de Sangue Hemolabor, o hematologista Luis Henrique Roberto Gabriel, o que geralmente acontece nessa época é doadores que agendam, se esquecem e vão aproveitar as férias, não dando importância para o ato de doar. “Todos precisam da consciência de que o sangue é muito importante para os atendimentos de urgência, a realização de cirurgias complexas, tratamento de pessoas com doenças oncológicas, além de outras emergências”, pontua.

Os hospitais e hemocentros registram 60% de queda na quantidade de bolsas de sangue, e em contrapartida a demanda por transfusões aumenta 52%, um índice considerado muito crítico. Por isso, os bancos de sangue de Goiás precisam de doadores de todos os tipos sanguíneos neste momento.

Fonte: https://ohoje.com

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